sexta-feira, 22 de maio de 2009

Haverá luz em Nova Iorque?

Numa altura me que a actividade cultural das cidades é mais que nunca tema de crítica por parte de quase toda a gente, julgo que é necessária uma análise detalhada de tudo o que por aí existe. Será que são as cidades que não oferecem cultura ou seremos nós que não a procuramos. Darei alguns exemplos. De grandes metrópoles a pequenas cidades para que compreendam melhor daquilo que falo. Assim vejamos:

Nova Iorque: Quando esta cidade deixar de ter actividade cultural é porque a cultura deixou de existir. Actualmente é sem dúvida a cidade mais dinâmica do mundo em actividades culturais de todo o tipo e género senão vejamos. Por dia existem mais de 5mil iniciativas de todo o tipo. Todos os minutos está algo novo a estrear. A dificuldade é mesmo calendarizar o que se quer ver de uma forma muito cuidadosa para que nada seja deixado de parte. Sinceramente acho que quando há de mais as pessoas não dão quase importância às diversas actividades. Esse neste momento é um problema grave da cidade. A quantidade de coisas que existe é tão grande que quase não há espaço para lançar uma crítica sobre o filme "A" ou sobre a peça de teatro "X" ou sobre a exposição "Y".

Porto: Fico espantado com os que dizem que o Porto não tem actividade cultural. Para a dimensão da cidade julgo que está bastante bem servido. Só para vos dar um exemplo muito simples vejamos o que acontece hoje de actividades culturais no Porto:

  1. Sequeira Costa com a Orquestra Nacional do Porto na casa da música
  2. Festa da cereja do mundo rural na Quinta da Bonjóia
  3. XVI Festival de Tunas do ISEP na Praça Sandeman
  4. Música na Tertúlia Castelense
  5. Teatro Wonderland
  6. Pasion de Buena Vista (teatro) no Coliseu do Porto
Para quem tem dúvidas do que digo basta efectuar download deste pdf -> http://www.cm-porto.pt/users/0/58/iporto09_be94f1d0505101f2214d0ac17812efdb.pdf e poderá ver tudo o que se passa de cultura no Porto que na minha opinião não é tão pouco quanto isso para uma área metropolitana de cerca de meio milhão de pessoas.

Espinho: Até uma cidade pequena como Espinho consegue todas as semanas ter pelo menos uma activdade cultural no auditório da academia. Hoje por exemplo haverá o Festival Tonalidades 2009. Estou a falar apenas de iniciativas que estão disponíveis para serem vistas na internet porque tenho a certeza que há iniciativas que não estão disponíveis online mas que as pessoas que vivem nas cidades podem ter conhecimento delas.

Chegamos ao ponto em que só vamos a uma actividade se formos chamados para ela. Não procuramos saber o que se passa, existem todos os dias a todas as horas inúmeras activdades culturais é so termos um tempo disponível e a vontade.

Não meus caros...a cultura não morreu. Nós é que parece que estamos a morrer para a cultura!


Street art show. Nova Iorque.

5 comentários:

Carlos Vinagre disse...

Não deixo de concordar parcelarmente. No Porto há oferta: costumo estar a par das iniciativas. Contudo, funciona assim: vamos ao teatro? ai não... vamos antes ao pherrugem. Bem: vou sozinho. Chego ao TNSJ: meia dúzia de pessoas. A cultura serve as pessoas. Quando não há público, não há cultura. Há de uma forma imperfeita.

Depois no Porto a cultura que é divulgada: é cara. Ir ver um espectáculo: Carmina Burana a um Coliseu custa no mínimo 20 euros, mais viagem, ir beber qualquer coisa, para quem ande apertado, pode pesar na algibeira. E acresce a isto: estarmos à espera de um espectáculo e assistirmos a merda: bailado, sem orquestra; cd riscado-uma palhaçada.

Depois temos a rua Miguel Bombarda: a burguesia do Porto costuma levar o melhor traje para ir ver uma exposição.

Acontece irmos assistir a um concerto: acaba, quem discute? Quase ninguém: resultado- desconsolo.

E coisas novas? Que se fazem? Pouco público aparece, se aparece é uma sorte.

Concertos? Há: por cerveja 2.50. Um concerto punk no porto rio sem cerveja, não é concerto. E são sempre as mesmas bandas.

Mas há concertos. Tem havido imensos. Alguns interessantes até.

E pessoas a fazer coisas por iniciativa, sem precisar de apoios estatais? Há pouquinhas. E conseguir fazer alguma coisa minimamente estimulante: complicado.

E artistas novos a surgir que apoio têm? Serralves é exemplar neste momento: quer competir com Lisboa. O artistas do Porto são colocados à margem. Só se queixam.

Espinho: nada tem. nadinha. Nada de moderno. Quantos concertos de música experimental? Estou a ver se organizo um: envio mail e nem resposta recebo da parte da instituição. E público? Não deve haver.

As pessoas não podem querer, ter vontade, se não foram educadas: inauguração do festival de música: joana carneiro com a orquestra gulbenkian: cheio; estreia de uma peça muldialmente de um compositor russo: vazio. Era um dos poucos que lá estava: o que acontece? Desânimo. Pouco se discute. Sinceramente quase tudo o que se diz é superficial: tenho sentido isso quase sempre. Se se interessam em discutir, não é pela obra, antes porque querem se mostrar ao ouvinte.

Improviso Bar Espinho: centenas de concertos durante vários anos. Quem aparecia? Pouca gente: a polícia para revistar o pessoal.

Heavenwood não consegue tocar. Não há pessoas dispostas a apostar em concertos. Tudo é de fora. É tudo para encher os olhos às pessoas. Os que conseguem singrar aqui é à custa de contactos. Quem não os tem: apodrece. É a minha opinião.

Carlos Vinagre disse...

PS: quem conhecia a Incomunidade? Existe há mais de 10 anos, achou eu. Já publicou mais de 100 livros. E só agora é que a conheci. E pesquiso. E teve apoios de câmaras. Chegou a informação? Pela obra deles, era dever de investigadores terem feito algum trabalho, que as televisões tivessem feito algum documentário. Até a Susan Pensak de nova iorque publicou por eles. É injustificável! Miserável! Hoje estou um pouco revoltado! Sorry! Estou numa fase auto-desconstituinte!

Carlos Vinagre disse...

Agora: claro que há oferta. Nós é que sofremos dessa doença infantil: descontentamente vasto. E leva-nos a criticar, esperando mais: e por mais que se possa apontar negativamente essa conduta, tem o seu quê de relevante: há vontade para melhorarmos. Quando deixamos de esparar mais, morremos simbolicamente.

Eduardo CardoZo disse...

Carlos desculpa a demora mas...a minha vida nestes últimos tempos está reduzida a uma palavra: Trabalho.

Quanto ao que dizes tens toda a razão mas aí as pessoas são livres de escolher para onde querem ir. Não existe também um real incentivo por parte das entidades competentes no que toca a uma flexibilidade de preços. Há aquela velha teoria de que os espectáculos de teatro, ópera etc são só para gente com posses mas...por vezes encontramos boas "promoções" se é que me faço entender. Infelizmente neste país qualquer um dá 20 ou 30€ para ver um jogo de futebol mas são poucos os que dão esse mesmo dinheiro para coisas alternativas.

Acho que temos que ver também a realidade na qual o Porto está inserido. É uma cidade pobre, aliás muito pobre, não podemos esperar que entre matar a fome e ir ao teatro as pessoas escolham a 2ª opção. Quando digo matar a fome não é força de expressão, deves saber tão bem como eu que há gente no porto que passa fome.

Quanto a Espinho depois da nova academia ter sido inaugurada a actividade aumentou um pouquinho. Digamos que Espinho era impotente sexual e agora faz sexo uma vez por mês vá...

Quanto ao exemplo que deste não conheço. Antes de o André ter falado comigo sobre o espaço pensava que fosse uma casa de meninas e como eu muitos devem pensar o mesmo.

(sobre o Incomunidade) Se tu (nem eu) conhecia-mos o defeito não é nosso mas deles que não fizeram o suficiente para se mostrarem mas, mesmo que tenham feito é impossível sempre chegar a todos.

Ah meu caro o ser humano é eternamente descontente. Há gente a dizer que a cultura em NY é uma merda...se aqui é uma merda não sei onde será melhor...talvez numa cidade perdida algures em Marte.

Abraço.

Carlos Vinagre disse...

Desculpa o atraso Eduardo. Desleixo da minha parte... Subscrevo as tuas ideias. Ainda bem que existe descontentamente: é desse descontentamente que surge o progresso! abraço