segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Desfecho

Este espaço deixou de ter sentido para mim. Sobretudo por falta de tempo e por estar a intensamente construir e transitar para uma nova etapa. Agradeço a todos os que visitaram o espaço e participaram. Irei interditar o seu acesso dentro de uns 5 dias. Fica a mágoa de nunca se ter atingido as metas estipuladas e de pessoas como o Eduardo, terem apelado a uma maior participação, mas infelizmente não termos correspondido aos seus anseios. Inclusivamente eu, que comecei a desdenhar o espaço desde Julho que passou. Os meus cumprimentos a todos. Apartir de agora o meu espaço será somente o: http://www.carlosvinagre.blogspot.com/ . Convido-os a acompanharem-no : está para breve um novo formato.

sábado, 15 de agosto de 2009

Despedida

Não vejo razões para continuar a escrever neste blog dado que não existe qualquer tipo de participação/interesse dos restantes membros. Não quero com isto julgar ninguém, estou apenas a constatar um facto. Em breve o meu blog eduardocardozo86.blogspot.com estará a funcionar em pleno. A todos os que me seguiram neste espaço o meu agradecimento. Até mais.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A todas as mentes retrogradas

Uma visão acerca da homossexualidade.

domingo, 19 de julho de 2009

Concerto de aniversário Nelson Mandela

Tirando a pior parte (ouvir a Carla Bruni cantar) gostei. É interessante que o mundo ainda se continue a lembrar de uma lenda viva como é o caso de Nelson Mandela. Poucos deverão haver no mundo como ele, sacrificou a sua vida pelos seus ideais e triunfou...um exemplo sem dúvida e uma inspiração para todos nós. Pena é que depois de adquirida a igualdade aparente entre negros e brancos nos EUA e na África do Sul a comunidade homossexual ainda continue a ser alvo de fortes medidas discriminatórias.

Apesar de me dar bastante jeito que as comemorações fossem em Nova Iorque, julgo que deveriam ter sido exclusivamente na África do Sul, seu país natal, muito mais numa altura em que o carismático líder sul-africano está numa situação de alguma debilidade no que toca à sua saúde. A cerimónia de ontem foi vazia porque o mais importante para a mesma ser cheia não estava...o aniversariante. É totalmente descabido fazer uma festa de anos sem o aniversariante mas...cada qual com as suas manias.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A pandemia acabou em 1918 com quatro vezes mais mortos que a Grande Guerra

EL PAÍS

JAVIER SAMPEDRO – Madride – 28/04/2009

A I Guerra Mundial terminou em 1918 com nove milhões de mortos. A gripe espanhola desse mesmo ano acabou com a vida de 40 milhões de pessoas. Foi a pior das três epidemias mundiais de gripe do século XX (1918, 1957 e 1968), e de facto a pior pandemia de qualquer tipo registada na história. O vírus que a causou não vinha dos porcos, mas das aves, mas era um H1N1, como o actual. O H1N1 era um vírus das aves até 1918, e foi a gripe espanhola quem o converteu numa cepa humana típica.As autoridades mexicanas observam uma diminuição dos contágiosA OMS insta os países a "prepararem-se para uma pandemia" e crê que será "leve"Aquele vírus matava todos os ratos do laboratório numa escassa semanaOs países implicados na Grande Guerra não informavam sobre a epidemia para não desmoralizar as tropas, de modo que as únicas notícias vinham na imprensa espanhola. A gripe espanhola deve o seu nome, portanto, à censura dos tempos da guerra, e não à sua origem, já que o primeiro caso se registou em Camp Funston (Kansas) em 4 de Março de 1918. Na altura o vírus só causava uma dolência respiratória leve, ainda que muito contagiosa, como qualquer gripe. Em Abril já se havia propagado por toda a América do Norte e também, saltado à Europa com as tropas americanas.O primeiro caso da segunda onda mortal registou-se em 22 de Agosto no porto francês de Brest, uma das principais entradas dos soldados norte-americanos. Era o mesmo vírus, porque os afectados pela primeira onda estavam imunizados frente à segunda. Em algum momento do verão, entretanto, converteu-se num agente mortal. Causava pneumonia com rapidez, e amiúde a morte dois dias depois dos primeiros sintomas.Em Camp Devens, Massachusetts, seis dias depois de comunicar-se o primeiro caso já havia 6.674 contagiados. Os surtos estenderam-se a quase todas as partes habitadas do mundo, começando pelos portos e propagando-se pelas rodovias principais. Só na Índia houve 12 milhões de mortos.Foi a chegada do vírus aos lugares mais recônditos que permitiu reconstruí-lo depois de quatro anos. Johan Hultin, um médico retirado, e os cientistas militares ao comando do geneticista Jefferey Taubenberger, lograram resgatar os genes do vírus dos pulmões de uma das suas vítimas, uma "mulher gorda" que morreu em 1918 num povoado esquimó do Alasca, onde o frio preservou o material particularmente bem.Supôs-se assim que o vírus de 1918 não tinha nenhum gene de tipo humano: era um vírus da gripe das aves, sem misturas. Tinha, isso sim, 25 mutações que o distinguiam do vírus da gripe das aves típico, e entre elas deviam estar as que lhe permitiram adaptar-se ao ser humano. Supôs-se assim que o vírus da gripe espanhola se multiplicava 50 vezes mais que a gripe comum depois de um dia de infecção, e 39.000 vezes mais depois de quatro dias. Mata a todos os ratos de laboratório em menos de una semana.Os grupos de Terrence Tumpey, do CDC de Atlanta (os principais laboratórios norte-americanos para o controlo de epidemias) e Adolfo García-Sastre, do Mount Sinai de Nova Iorque, perguntaram-se logo que mutações do vírus da gripe espanhola podia eliminar a sua capacidade para transmitir-se entre pessoas. E o resultado é que bastavam duas mutações na sua hemaglutinina (a H de H1N1); essas mesmas mutações postas de revés bastariam para conferir a um vírus das aves uma alta capacidade de transmissão entre humanos.A hemaglutinina é o componente da superfície do vírus que reconhece as células do seu hóspede. É o principal determinante da especificidade do vírus (a espécie o lista de espécies que podem infectar). O importante não é tanto os números embutidos ao H (H5, H1...), senão os detalhes da sua sequência, a ordem exacta dos seus aminoácidos.As duas mutações chave afectam criticamente a interacção do H com os seus receptores nas células animais, que podem ser de dois tipos: alfa-2,3 ou alfa-2,6. Os vírus da gripe das aves unem-se preferentemente ao receptor alfa-2,3, que se encontra em altas concentrações nas células do intestino das aves aquáticas e costeiras. Entretanto, os vírus humanos unem-se mais eficazmente aos alfa-2,6, que se encontram no sistema respiratório das pessoas.

EL PAÍS

domingo, 5 de julho de 2009

Noites Policiais

Espanto-me regularmente com a deontológica actuação isenta, serena e respeitadora da PSP de Espinho. Ontem assisti a mais uma conduta própria de um agente com autoridade digna de elogio. Passo a contar-vos o sucedido:

Um bando policial chega ao centenárico bar: coage a dona do estabelecimento a fechá-lo. Coisa legal pelo facto de o espaço só ter autorização para estar aberto até às 2 horas de noite. Eu vendo as forças policiais, desloco-me ao balcão e pago o meu consumo. Coisa semelhante fizeram os meus amigos. Havia contudo uma caneca de receita para ser bebida por duas pessoas: mais ou menos dois copos a cada. Sentamo-nos na mesa e esperamos que fosse consumida. É quando um agente se dirige a nós e os coage a beber, em tom áspero, autoritário, arrogante. "Estão a gozar connosco?", frases destas foram ditas por esses senhores. Eu inicialmente expliquei que faltava pouco, que tínhamos ido buscar copos de plástico, mas não havia, que como nos tinham servido, o estabelecimento é que o fez, só queríamos acabar. Disse também que estávamos a cooperar. Obviamente, pouco habituados ao diálogo, ao espírito crítico, mudaram de tom, e eu simultaneamente mudei. Acabamos por trocar palavras desagradáveis, ele ameaçou me deter só porque exerci o espírito crítico, eu ameacei-o com uma queixa. Amor à primeira vista.

Moral da estória: o poder e as acções devem ter fundamento. É assim numa sociedade democrática. Eu expliquei a nosso procedimento, as razões, e tentei mostrar que estávamos a colaborar, mas que havia formas e tons de falar com as pessoas. É no individuo e nos bens jurídicos fundamentais de uma sociedade que se funda a necessidade de existência de forças policiais. Pelo visto há pessoas com neurónios em "excesso" que não o compreendem. Podia ter-nos tratado com cortesia, nós o tratamos, se muda o tom e passa à arrogância e ameaça, não devemos ter medo, e criticar. Infelizmente a polícia não cria nas pessoas o clima de amigabilidade. Parece às vezes que têm por gosto e orgulho criar o terror e o medo, a opressão no outro. Se assim é, o que os difere dos normais ladrões e criminosos do mundo, que uma sociedade combate? Pensei nisso...

Para verem como fundamento as minhas decisões e opiniões, e porque julguei inapropriado a sua conduta, vos transcrevo uma parte do código deontológico do serviço policial:

Artigo 6.º
Integridade, dignidade e probidade

1 - Os membros das forças de segurança cumprem as suas funções com integridade e dignidade, evitando qualquer comportamento passível de comprometer o prestígio, a eficácia e o espírito de missão de serviço público da função policial.
2 - Em especial, não exercem actividades incompatíveis com a sua condição de agente de autoridade ou que os coloquem em situações de conflito de interesses susceptíveis de comprometer a sua lealdade, respeitabilidade e honorabilidade ou a dignidade e prestígio da instituição a que pertencem.
3 - Os membros das forças de segurança combatem e denunciam todas as práticas de corrupção abusivas, arbitrárias e discriminatórias.

Artigo 7.º
Correcção na actuação

1 - Os membros das forças de segurança devem agir com determinação, prudência, tolerância, serenidade, bom senso e autodomínio na resolução das situações decorrentes da sua actuação profissional.
2 - Os membros das forças de segurança devem comportar-se de maneira a preservar a confiança, a consideração e o prestígio inerentes à função policial, tratando com cortesia e correcção todos os cidadãos, nacionais, estrangeiros ou apátridas, promovendo a convivencialidade e prestando todo o auxílio, informação ou esclarecimento que lhes for solicitado, no domínio das suas competências.
3 - Os membros das forças de segurança exercem a sua actividade segundo critérios de justiça, objectividade, transparência e rigor e actuam e decidem prontamente para evitar danos no bem ou interesse jurídico a salvaguardar.

sábado, 4 de julho de 2009

Pandemia de Gripe de 1918

Pandemia de gripe de 1918

Por: Juliana Rocha

Transporte de soldados mortos na França. NMHM/US. Abrigados em trincheiras, os soldados enfrentavam, além de um inimigo sem rosto, chuvas, lama, piolhos e ratos. Eram vitimados por doenças como a tifo e a febre quintana, quando não caíam mortos por tiros e gases venenosos.
Parece bem ruim, não é mesmo? Era. Mas a situação naquela Europa transformada em campo de batalha da Primeira Grande Guerra Mundial pioraria ainda mais em 1918. Tropas inteiras griparam-se, mas as dores de cabeça, a febre e a falta de ar eram muito graves e, em poucos dias, o doente morria incapaz de respirar e com o pulmões cheios de líquido.
Em carta descoberta e publicada no British Medical Journal quase 60 anos depois da pandemia de 1918-1919, um médico norte-americano diz que a doença começa como o tipo comum de gripe, mas os doentes “desenvolvem rapidamente o tipo mais viscoso de pneumonia jamais visto. Duas horas após darem entrada [no hospital], têm manchas castanho-avermelhadas nas maçãs do rosto e algumas horas mais tarde pode-se começar a ver a cianose estendendo-se por toda a face a partir das orelhas, até que se torna difícil distinguir o homem negro do branco. A morte chega em poucas horas e acontece simplesmente como uma falta de ar, até que morrem sufocados. É horrível. Pode-se ficar olhando um, dois ou 20 homens morrerem, mas ver esses pobres-diabos sendo abatidos como moscas deixa qualquer um exasperado”.

Enfermaria com gripados em Luxemburgo. NMHM/US. A gripe espanhola – como ficou conhecida devido ao grande número de mortos na Espanha – apareceu em duas ondas diferentes durante 1918. Na primeira, em fevereiro, embora bastante contagiosa, era uma doença branda não causando mais que três dias de febre e mal-estar. Já na segunda, em agosto, tornou-se mortal.
Enquanto a primeira onda de gripe atingiu especialmente os Estados Unidos e a Europa, a segunda devastou o mundo inteiro: também caíram doentes as populações da Índia, Sudeste Asiático, Japão, China e Américas Central e do Sul.
O mal chega ao Brasil
No Brasil, a epidemia chegou ao final de setembro de 1918: marinheiros que prestaram serviço militar em Dakar, na costa atlântica da África, desembarcaram doentes no porto de Recife. Em pouco mais de duas semanas, surgiram casos de gripe em outras cidades do Nordeste, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que era então a capital do país.

Morto pela gripe. Rio de Janeiro. Clube de Engenharia. As autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que o oceano impediria a chegada do mal ao país. Mas, com tropas em trânsito por conta da guerra, essa aposta se revelou rapidamente um engano.
Tinha-se medo de sair à rua. Em São Paulo, especialmente, quem tinha condições deixou a cidade, refugiando-se no interior, onde a gripe não tinha aparecido. Diante do desconhecimento de medidas terapêuticas para evitar o contágio ou curar os doentes, as autoridades aconselhavam apenas que se evitasse as aglomerações.
Nos jornais multiplicavam-se receitas: cartas enviadas por leitores recomendavam pitadas de tabaco e queima de alfazema ou incenso para evitar o contágio e desinfetar o ar. Com o avanço da pandemia, sal de quinino, remédio usado no tratamento da malária e muito popular na época, passou a ser distribuído à população, mesmo sem qualquer comprovação científica de sua eficiência contra o vírus da gripe.

Clube de Engenharia.
Imagine a avenida Rio Branco ou a avenida Paulista sem congestionamentos ou pessoas caminhando pelas calçadas. Pense nos jogos de futebol. Mas, ao invés de estádios cheios, imagine os jogadores exibindo suas habilidades em campo para arquibancadas vazias. Pois, durante a pandemia de 1918, as cidades ficaram exatamente assim: bancos, repartições públicas, teatros, bares e tantos outros estabelecimentos fecharam as portas ou por falta de funcionários ou por falta de clientes.
Pedro Nava, historiador que presenciou os acontecimentos no Rio de Janeiro em 1918, escreve que “aterrava a velocidade do contágio e o número de pessoas que estavam sendo acometidas. Nenhuma de nossas calamidades chegara aos pés da moléstia reinante: o terrível não era o número de casualidades - mas não haver quem fabricasse caixões, quem os levasse ao cemitério, quem abrisse covas e enterrasse os mortos. O espantoso já não era a quantidade de doentes, mas o fato de estarem quase todos doentes, a impossibilidade de ajudar, tratar, transportar comida, vender gêneros, aviar receitas, exercer, em suma, os misteres indispensáveis à vida coletiva”.
Durante a pandemia de 1918, Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz, reestruturando sua organização administrativa e de pesquisa. A convite do então presidente da república, Venceslau Brás, Chagas liderou ainda a campanha para combater a gripe espanhola, implementando cinco hospitais emergenciais e 27 postos de atendimento à população em diferentes pontos do Rio de Janeiro.
Estima-se que entre outubro e dezembro de 1918, período oficialmente reconhecido como pandêmico, 65% da população adoeceu. Só no Rio de Janeiro, foram registradas 14.348 mortes. Em São Paulo, outras 2.000 pessoas morreram.
A evolução de um vírus mortal

Tratamento preventivo contra gripe. EUA. NMHM/US. Ainda hoje restam dúvidas sobre onde surgiu e o que fez da gripe de 1918 uma doença tão terrível. Estudos realizados entre as décadas de 1970 e 1990 sugerem que uma nova cepa de vírus influenza surgiu em 1916 e que, por meio de mutações graduais e sucessivas, assumiu sua forma mortal em 1918.
Essa hipótese é corroborada por outro mistério da ciência: um surto de encefalite letárgica, espécie de doença do sono que foi inicialmente associada à gripe, surgido em 1916.
As estimativas do número de mortos em todo o mundo durante a pandemia de gripe em 1918-1919 variam entre 20 e 40 milhões. Para você ter uma ideia nem os combates da primeira ou da segunda Grande Guerra Mundial mataram tanto. Cerca de 9 milhões e 200 mil pessoas morreram nos campos de batalha da Primeira Grande Guerra (1914-1918). A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) responde pela morte de 15 milhões de combatentes.